História cultural da ciência brasileira

Professor de Ciências do colégio recebe importante prêmio por sua pesquisa de pós-graduação

Alexander Brilhante Coelho, professor de Ciências do Ensino Fundamental 2, recebeu, no início de agosto, o prêmio da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC) com o trabalho “Prestígio e heterodoxia: paranormalidade e outros mistérios na obra de Mario Schenberg dos anos 1980”. Alexander defendeu a tese no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências, da Universidade de São Paulo. O professor teve a orientação de Ivã Gurgel.

Um dos objetivos da tese foi a de jogar luz sobre a ciência nacional. “Em geral, quando nós brasileiros pensamos na produção de conhecimento científico, pensamos em algo que se dá fora do país, como se a ciência fosse algo intrinsecamente estrangeiro”, diz Alexander. E continua: “A ciência no Brasil é produzida quase que exclusivamente com dinheiro público, e me parece justo que o público, todos nós, possamos saber um pouco mais sobre a produção científica nacional.”

Quanto à escolha do personagem, Alexander diz que o físico brasileiro Mario Schenberg “teve uma forte presença no campo intelectual brasileiro, em vários momentos decisivos da nossa formação, seja na sua importância na consolidação da USP como uma universidade de peso, seja pela forma como o seu prestígio científico foi capaz de chamar atenção da comunidade científica internacional para as arbitrariedades do regime militar, pela sua importância simbólica na época da redemocratização dos anos 1980.”

A partir da tese, o professor está escrevendo agora um artigo sobre a relação de Schenberg com a contracultura brasileira. “Por suas ideias epistemológicas e pelo seu interesse pelos fenômenos sincronísticos, ao longo dos anos 1960, Schenberg vai ficando cada vez mais interessado por aspectos da cultura mediúnica nacional, frequenta, durante algum tempo, terreiros de candomblé e umbanda. Essa idiossincrasia, um físico de prestígio flertando com assuntos que costumam ser banidos do discurso científico considerado legítimo, começa a atrair expoentes da contracultura brasileira, como Jorge Maultner e José Agripino, os beatniks paulistas, etc.”, explica Alexander.

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