Congregação de Santa Cruz

A Congregação de Santa Cruz reúne padres e irmãos que, presentes em centenas de comunidades em 16 países e quatro continentes, dedicam-se à formação e ao desenvolvimento integral do ser humano.

Fiéis aos ideais missionários do Padre Basílio Moreau, fundador da Congregação em 1837, os religiosos de Santa Cruz doam suas vidas ao serviço das populações atendidas, respeitando seus costumes e sua cultura.

No Brasil, a Congregação pratica seus princípios éticos e cristãos ao promover a educação e a formação integral da pessoa, por meio da produção e da difusão do conhecimento e da cultura e por ações sociais que ajudam a construir um mundo mais justo e fraterno em um contexto de pluralidade.

Origem da Congregação

A Congregação de Santa Cruz foi fundada pelo Pe. Basílio Moreau no agitado período que se seguiu à Revolução Francesa. Era um sacerdote da cidade de Le Mans e, para atender na zona rural às necessidades de uma Igreja devastada, planejou uma organização com alguns padres auxiliares. Em agosto de 1835, começou a reunir padres para esse objetivo: não passavam de alguns poucos que o ajudavam pregando missões paroquiais. Moreau tinha o desejo também de que fossem educadores e que para tal atividade alguns se preparassem.

Em 1837, juntou-se aos padres um grupo de leigos que buscavam atender às necessidades na área da educação primária nas aldeias da França. Esses leigos tinham sido reunidos pelo Pe. Dujarié sob o nome dos Irmãos de São José. A união desses dois grupos — padres e leigos consagrados — buscava responder às necessidades pastorais e educacionais da Igreja da França.

Em 1838, Pe. Moreau redigiu uma regra de vida para um pequeno número de mulheres voltadas à prestação de serviços domésticos aos padres e irmãos. Mais tarde, haveria de orientá-las também para o trabalho educacional.

Desde o início, Padre Moreau viu nessa “Associação de Santa Cruz” uma comunidade religiosa apostólica a serviço da Igreja muito além das fronteiras do seu próprio país. Durante os primeiros quinze anos, quando o grupo era ainda pequeno, só aos poucos se organizando, o seu campo de apostolado já abrangia não só outros países da Europa, como também a África e a América do Norte. Foi a decisão de aceitar a difícil missão em Bengala, então parte das Índias, que levou a comunidade do Pe. Moreau a se tornar uma congregação religiosa sob a égide não mais da diocese local de Le Mans, mas da Igreja de Roma, para servir no mundo todo.

A Santa Sé decidiu, em 1855, que os homens e as mulheres deveriam se organizar separadamente. No dia 13 de maio de 1857, as Constituições dos Padres e dos Irmãos foram aprovadas, e as duas sociedades fundiram-se numa unidade mais estreita, organizando-se sob uma estrutura governamental compartilhada em todos os níveis.

Leia breve biografia de Basílio Moreau.

A Congregação no Brasil

Quando de sua chegada ao Brasil, em meados do século passado, a Congregação de padres e irmãos, unida durante quase toda sua história, organizou-se de acordo com os dois diferentes distritos que buscavam novas missões à época, vinculados a duas províncias independentes: a dos Padres, à província canadense francesa, e a dos Irmãos, à Província estadunidense.

O contexto histórico que trouxe os primeiros religiosos de Santa Cruz ao Brasil – três padres canadenses, em plena Segunda Guerra, e quatro irmãos estadunidenses, poucos anos depois, em 1951 – é, basicamente, o mesmo: a abundância de vocações na América do Norte, a dificuldade de encaminhá-las às missões já existentes, por causa da guerra, e o destino de ampliar o horizonte de atuação da Congregação.

A América Latina, de um modo geral, e o Brasil, particularmente, experimentavam grande crescimento econômico e populacional à época, demandando novas fundações católicas.

Os recém-chegados religiosos não demoraram para assumir sua vocação educacional: em 1951, os irmãos estadunidenses assumiram o Colégio Dom Amando, em Santarém, no Pará; os padres canadenses fundaram o Colégio Santa Cruz em São Paulo, em 1952, e o Colégio Notre Dame em Campinas, em 1960.

Em agosto de 2011, para reunir forças, os dois distritos brasileiros, o dos Irmãos e o dos Padres, fundem-se em um só, reafirmando essencialmente o ideário de Pe. Moreau desde a fundação da Congregação. Assim, foram aproveitados os novos quadros religiosos, independentemente da condição de Irmãos ou Padres: há crescimento do número de membros na Ásia e na África e decréscimo de religiosos na América do Norte e do Sul.

Com a união dos distritos, ficam garantidas as condições para que as escolas e as instituições benemerentes das duas entidades permaneçam atuando com autonomia e fidelidade a seus princípios, projetos e procedimentos.

Site da Congregação no Brasil.

80 anos da Congregação de Santa Cruz no Brasil

Produzimos um conteúdo especial em homenagem aos 80 anos da Missão de Santa Cruz no Brasil. Confira abaixo:

Os primeiros missionários da Congregação de Santa Cruz no Brasil vieram do Canadá em dezembro de 1943. Eram eles: Pe. Lionel Corbeil, Pe. Oscar Melanson e Pe. Guillaume Dupuis. Depois de uma estada bastante movimentada socialmente no Rio de Janeiro, chegaram a São Paulo no dia 8 de janeiro de 1944. O trio logo começou a atuar na construção de uma nova área residencial para trabalhadores de um bairro industrial chamado Jaguaré. Na época, no local, não havia ruas pavimentadas, água encanada nem eletricidade. Como a área também não tinha escolas ou igrejas, a Congregação fundou ali a Paróquia de São José e uma escola primária. Em 19 de março de 1944, Pe. Corbeil escreve em uma carta à família no Canadá: “Terminamos hoje nossa novena a São José, que fizemos em união com o Oratoire St. Joseph, pedindo a Deus pelo intermédio deste grande Santo e do Irmão André, para abençoar nossa fundação e nos dar vocações e santificar seus pequenos fundadores”.

Antes de chegar a São Paulo, os padres canadenses passaram alguns dias no Rio de Janeiro. Na foto, Pe. Corbeil em visita ao Corcovado, em 1949
Em 26 de dezembro de 1949, os padres foram recebidos em um jantar na casa do embaixador do Canadá, no Rio de Janeiro. Depois da refeição, o padre Dupuis foi até o piano e todos começaram a cantar canções tradicionais. Na foto, da esquerda para a direita, Pe. Corbeil, Pe. Dupuis ao piano, Pe. Jalbert e Pe. Baulieu
Pe. Oscar Melanson em frente à casa paroquial no Jaguaré, bairro em que a Congregação começou sua missão em terras brasileiras. O projeto, iniciado em 1944, é do renomado arquiteto Artigas
Trabalho realizado pelas turmas de 20 ano, em comemoração aos 80 anos da Missão da Congregação de Santa Cruz no Brasil

É impossível falar dos 80 anos da Congregação de Santa Cruz no Brasil sem lançar luz sobre a figura de Pe. Corbeil. Nascido em Montreal, no Canadá, ele tinha quase 30 anos de idade e quatro de ordenação em 1943, quando recebeu a missão de fundar a Congregação no Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo. E como o carisma de Santa Cruz é a educação, Pe. Corbeil logo se movimentou na direção de aqui abrir uma escola. Em 1952, ele funda um curso com a antiga 1ª série ginasial, onde os alunos estudavam em regime semi-internato, em um prédio localizado na Av. Higienópolis. Graças à sua enorme capacidade de fazer bons contatos, em 1953, recebe da Light de São Paulo a doação de um terreno de 50 mil m2 no Alto de Pinheiros, onde constrói o atual campus do colégio Santa Cruz. Nas palavras do jornalista e ex-aluno Ricardo Kotscho “o primeiro colégio religioso, católico, progressista do Brasil, e essa é a marca do Padre Corbeil.”
Descrito como excelente administrador, foi diretor do colégio por 40 anos e membro do Conselho Estadual de Educação. Nesta função, foi o relator do capítulo estadual da lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, que regulamentou a EJA. Em 1974, junto com a chegada das meninas ao colégio, Pe. Corbeil inaugura a educação de jovens e adultos no Santa que, agora, comemora 50 anos.
Além de educador e executivo visionário, Corbeil era apaixonado por esportes. Todos os dias, acordava às 6h30 para se exercitar. Só depois, tomava banho, tomava café, lia o breviário, fazia suas orações e começava a despachar às 9h30. No colégio, a quadra de tênis garantia o jogo entre os padres e outros educadores. E o golfe o acompanhou durante toda a vida, desde a juventude no Canadá até a aposentadoria como diretor.
Pe. Corbeil morreu aos 87 anos, em dezembro de 2001. Seu velório foi realizado no ginásio de esportes do colégio. Em missa celebrada em sua homenagem, D. Paulo Evaristo Arns, que era o arcebispo emérito de São Paulo, disse: “Ele se dedicou à educação e formação de milhares de jovens. Deixou o Canadá para cumprir sua função de educador no Brasil e viveu todo o tempo para essa causa.”

Pe. Corbeil, em 1945, já em solo brasileiro, onde chegou com a missão de fundar a Congregação de Santa Cruz
Pe. Corbeil, em 1952, com alunos da antiga 1a série ginasial, na primeira sede do colégio Santa Cruz, localizada na Av. Higienópolis
Em foto de 1957, Pe. Corbeil planta árvores no terreno de 50 mil m2 no Alto de Pinheiros, recebido como doação pela Light para ser o novo campus do colégio
Pe. Corbeil, em 1981, entrega diplomas a alunos da EJA, curso que ele fez questão de implementar no colégio e que, neste ano, completa 5 décadas
Pe. Corbeil cercado de alunos que realizaram a Primeira eucaristia em 1988
As atividades físicas foram uma constante na vida de Pe. Corbeil, desde o Seminário Saint Croix, quando praticava basebol, handebol e hóquei. No colégio, a quadra de tênis garantia o jogo entre os padres e outros diretores e funcionários
Pe. Corbeil entrega medalhas no torneio esportivo que leva seu nome e que, neste ano, celebrou a 30a edição

“Imaginou-se um colégio moderno, com linhas arquitetônicas simples, alegres, arejadas e funcionais, instalado no meio de belos jardins, de árvores, de flores e verdes gramados, com grandes áreas para esportes”. Assim o Pe. Corbeil sonhou o colégio Santa Cruz.
Em 1953, ele recebe da Light de São Paulo a doação de um terreno de 50 mil m2 no Alto de Pinheiros, um bairro recortado por estradas de terra, onde começa a concretizar o sonho. Em 1957 a escola fica pronta e 185 alunos das quatro séries ginasiais e das duas colegiais são transferidos de uma casa, em Higienópolis, para os recém-concluídos pavilhões.
Fato marcante é a chegada do Pe. Charbonneau em 1959, a princípio para dar aulas de filosofia. Mas ele logo extrapolou os limites da sala de aula, tornando-se o responsável pelo projeto pedagógico de vanguarda da escola. Também era um escritor muito produtivo: além de livros, publicou textos cobrindo temas como a ordem social e política, o matrimônio, o diálogo entre pais e filhos, sexualidade adolescente e educação.
Um ano importante foi 1974, com a chegada das meninas e a criação do Curso Supletivo, hoje, Educação de Jovens e Adultos.
A primeira Festa Junina, realizada pelo SAN, o braço social do colégio, acontece em 1983. O tradicional evento é a marca da parceria da nossa comunidade escolar que se engaja para arrecadar recursos que são integralmente destinados aos projetos sociais do Santa. O engajamento se reflete também nas ações realizadas no Programa Santa Cruz Jaguaré Caminhos, criado por outro padre emblemático do colégio, Roberto Grandmaison. Em suas palavras: “Em 1987, nos reunimos com um grupo de 15 mães da Vila Nova Jaguaré e perguntamos o que a Congregação de Santa Cruz, a Paróquia São José do Jaguaré e o Colégio Santa Cruz poderiam fazer para melhorar a vida na Comunidade. A resposta veio ao encontro da vocação da Congregação: educação.”
Aos 72 anos, nossa escola continua a crescer. Se prepara para receber, em 2025, bebês e crianças, em um novo campus, totalmente projetado para materializar os pilares do nosso currículo para a primeiríssima infância: o brincar, o cuidar e as linguagens.

Trabalho realizado pelos alunos do F1, por ocasião dos 80 anos da Missão da Congregação de Santa Cruz no Brasil
Plano diretor das instalações do colégio no campus Alto de Pinheiros
Pe. Charbonneau, autor do projeto pedagógico do colégio e também de inúmeras publicações, em seu escritório, em foto de 1980
Uma sala de aula do antigo colegial, em 1977, já com a presença de alunas. As mulheres chegaram ao colégio em 1974
Imagem 3D do novo campus Orobó que receberá, a partir de 2025, bebês e crianças do G1 ao G4
Alunos da Educação Infantil, curso inaugurado no ano 2000, na nova biblioteca do colégio que leva o nome do Pe. Charbonneau
Pe. Roberto Grandmaison em um dos Centros de Educação Infantil atendidos pelo Programa Social Santa Cruz Jaguaré Caminhos
Festa Junina, organizada pelo SAN, o braço social do colégio, em 1988. O tradicional evento conta com o trabalho voluntário de famílias e educadores e arrecada recursos para os projetos sociais do Santa
Corbeil entrega diploma a aluno da EJA, em 1981. A Educação de Jovens e Adultos foi inaugurada no colégio em 1974

A Congregação de Santa Cruz foi fundada em 1837, pelo Padre Basile Moreau. Ela é composta por duas sociedades distintas de religiosos, uma de padres e uma de irmãos. Em suas atuações, os religiosos dedicam-se à formação e ao desenvolvimento integral do ser humano. Fiéis aos ideais missionários do Pe. Moreau, padres e irmãos da Congregação de Santa Cruz doam suas vidas e consagram a vocação ao serviço do próximo, trabalhando em paróquias, comunidades, escolas, universidades e instituições sociais. “A nossa missão leva-nos a cruzar todo tipo de fronteiras. Teremos, não raro, de adaptar-nos a mais de um povo ou cultura, lembrando-nos de quanto mais tenhamos a dar mais teremos de receber.” (Constituições da Congregação de Santa Cruz, 2,17).
Já em 1840, Pe. Moreau enviou irmãos e padres da França para a Argélia para trabalhar em escolas. Logo após essa primeira missão, foram enviados Irmãos também aos territórios de Louisiana e Indiana nos EUA, ao Canadá, Itália e Bangladesh.
Em 1951, a Congregação enviou uma segunda missão ao Brasil, dessa vez vinda dos Estados Unidos. Quatro irmãos foram para a região da Amazônia e assumiram o Colégio Dom Amando, em Santarém. Em 1961, o mesmo grupo viajou até Campinas, no interior de São Paulo, para fundar o Colégio Notre Dame.
As obras da Congregação no Brasil são conhecidas pelo seu engajamento social, incluindo programas como o Centro Comunitário Irmão André e o Programa Social Jaguaré Caminhos. A Congregação também coordena programas para crianças em situação de risco em Santarém e Campinas. Em 2011, a Congregação assumiu a responsabilidade de auxiliar nos cuidados pastorais, sociais e educativos uma comunidade vulnerável em Guadalajara, nos arredores de Recife, Pernambuco.
Atualmente, a Congregação segue com o espírito missionário de seu fundador e reúne, ao redor do mundo, cerca de 1.600 religiosos, presentes em 16 países.
Em comum, todas as instituições seguem os pilares da educação de Santa Cruz: educar corações e mentes; ser comunidade; construir respeito e trazer esperança.

Padre Basile Moreau fundou a Congregação de Santa Cruz em 1837, na cidade de Le Mans, para atender as necessidades educacionais da França pós-revolução
Os pilares da educação de Santa Cruz desenhados pelos alunos do EF1 por ocasião dos 80 anos da Missão de Santa Cruz no Brasil
O Programa Jaguaré Caminhos tem como missão atuar na assistência social e proporcionar educação para crianças, adolescentes, jovens e famílias da comunidade Vila Nova Jaguaré que estão em situação de vulnerabilidade social e risco
O Centro Comunitário Irmão André – CECOIA é uma obra social, sem fins lucrativos e de caráter beneficente, que faz parte da Congregação de Santa Cruz
Em dezembro de 1951, quatro religiosos da Congregação de Santa Cruz chegaram à Santarém para dirigir o Ginásio Dom Amando (foto): Irmão Ricardo Grejczyk, Irmão Genardo Greene, Irmão Paulo Schaefer e Irmão Jaime Walter
Em 1841, o Padre Edward Sorin, CSC, partiu da França para os Estados Unidos para fundar as universidades de Notre Dame e St. Edward’s (foto) que partilham o lema da Congregação: “Educar corações e mentes”
Mapa com os locais onde a Congregação atua. Desenho realizado pelas turmas do EF1, por ocasião dos 80 anos da Missão da Congregação de Santa Cruz no Brasil