Qualidade literária e racismo estrutural

Encontro discutiu as obras de Monteiro Lobato

Na noite de 20 de outubro, Tia Nastácia e os demais personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo estiveram no centro do encontro “Qualidade literária e racismo nos livros de Monteiro Lobato”. Esse tema já havia sido abordado em 2021, em outro evento com o mesmo título. Neste ano, alguns aspectos foram retomados e aprofundados.

Com a presença das professoras Elizabeth Cardoso, Isabel Lopes Coelho e Bel Santos Mayer, que atuou como mediadora, foram discutidas questões importantes da obra lobatiana.

Bel Coelho iniciou sua fala apontando o pioneirismo do escritor, reconhecido pela fortuna crítica, na literatura infantil brasileira e a falta de atenção à questão racial presente em seus livros, que só veio à tona recentemente. Ela comentou ainda que, na literatura infantil mundial, há muitas obras canônicas que expressam visões racistas ou machistas. Por isso, há a necessidade de se questionar o cânone.

Elizabeth Cardoso, por sua vez, indicou que o título do encontro é bastante feliz, pois une a visão estruturalista, que se preocupa com a qualidade formal da obra, com a visão que analisa a presença do racismo estrutural e os efeitos sociais gerados pela literatura. Sua fala procurou abordar os dois aspectos. Ela destacou que Lobato teve o mérito de trazer as crianças para o centro das ações nas histórias e valorizar a capacidade imaginativa delas. Em contrapartida, é evidente o racismo que permeia as histórias, especialmente nas descrições da Tia Nastácia. A professora destacou que muitos não percebem esse viés, pois se trata do racismo naturalizado na nossa dinâmica social. Na sua visão, quem só teve contato com a obra televisiva não tem a dimensão de como o racismo é explícito nos livros.

Assista ao encontro.

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