A noite ocupada pelo afeto 

Memórias afetivas e reflexões sobre a literatura marcaram a última Noite Literária de 2021. Julián Fuks, jornalista e escritor premiado, conversou sobre seu romance “A ocupação”, com a mediação de seus ex-professores Alejandro Miguelez e Ellen Rosenblat.

Fuks destacou a importância dos dois mestres na sua trajetória na literatura, e o encontro foi marcado pela emoção, especialmente com o relato de memórias da sua época na escola.

O escritor lembrou o incentivo dado por Ellen, que dizia ao menino: “suas histórias estão ficando boas”. Anos depois, já consagrado na literatura, recebeu outra mensagem: “Ficaram boas as histórias. Agora brinca um pouco”.

Fuks contou, também, da primeira proposta de redação da 2ª série do Ensino Médio: Alejandro propôs um autorretrato em forma de poema. Ele destacou que, desde então, tem se empenhado em escrever textos nessa linha, já que seus romances são classificados como autoficcionais.

As obras de autoficção, como é o caso de “A ocupação”, mesclam realidade e ficção em um jogo ambíguo. Fuks confessou que os três planos de ação do livro (a doença do pai, a gravidez da mulher e a conversa com os moradores do Hotel Cambridge) aconteceram em épocas diferentes, mas, na obra, parecem ser concomitantes. Esse deslocamento temporal dos fatos é possibilitado pela ficção.

O título do livro pode se referir a múltiplas situações: o hotel ocupado por moradores, o corpo da mulher ocupado pelo feto, o corpo do pai ocupado pela doença, a literatura ocupada pelas experiências e pelas causas políticas. Em todas as perspectivas, ocupar é também cumprir uma obrigação. Como salienta Júlio Pimentel Pinto, na orelha do livro: “O futuro, afinal, talvez dependa da disposição de se deixar ocupar, contaminar pela voz do outro e, mesmo na obscuridade, viver sob o olhar alheio”.

Assista ao encontro pelo link.

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