Tecnologia e humanismo

A inovação social, com base humanista e tecnológica, usada na busca de soluções para casos da vida real, levou à Boston 38 alunos do colégio. Realizada no período de 6 a 14 de outubro e organizada pelo coordenador de tecnologia, Moisés Zylbersztajn, a viagem teve como destino o centro norte-americano MIT (Massachusetts Institute of Technology). O objetivo da viagem foi preparar os estudantes para solucionar desafios reais em comunidades vulneráveis utilizando engenharia e design.

Chegando em Boston, os estudantes foram a Harvard Yard, onde conversaram com dois ex-alunos do Colégio Santa Cruz, João Abreu e Isabel Opice, que estão cursando mestrado na Escola de Administração Pública.

Entre os integrantes do grupo, havia uma convidada especial, Francielly Barbosa, do Pará, estudante que ganhou dez prêmios na feira brasileira de ciências e engenharia em São Paulo com a sua invenção. Ela criou, com o caroço do açaí, tijolos resistentes para fundações seguras nas casas da periferia de Moju, sua cidade natal.

No primeiro dia da viagem, os alunos conheceram o contexto – noções de design thinking e o contexto social onde iam trabalhar. “Foi interessante explicar a eles sobre a cultura local, pois são necessárias a imersão, a empatia, para conseguir entender sobre os principais problemas”, explica Moisés.

No terceiro dia da viagem, os estudantes foram apresentados aos desafios. Na primeira aula, a professora Sher Vogel propôs a construção de uma estrutura que sustentasse 14 laranjas, na maior altura possível, com apenas duas folhas de papel. Os alunos se empenharam e conseguiram concluir a obra. Ben Linder, professor do MIT, passou o segundo desafio: construir uma bomba de água com canos de PVC.

Ainda no mesmo dia, Mustafa Naseen, professor da Universidade de Michigan, apresentou a situação atual de Botswana, na África Austral. No país, há áreas muito pobres que precisam de uma atenção especial e Mustafa relatou os principais problemas.

Os estudantes receberam, então, oito desafios sociais, para serem resolvidos em cerca de quatro dias. Eles envolviam situações cotidianas de Botswana, como a das mulheres que precisam caminhar muito até o rio para pegar água, ou a dos cadeirantes que circulam na areia molhada.

Com os desafios em mãos e os grupos formados, iniciaram-se as pesquisas. Os alunos foram divididos em duas turmas: uma foi para o laboratório de Olin College e o outro para o D-Lab do MIT. Nesse momento os alunos aprenderam a usar os equipamentos dos laboratórios das duas universidades. Em Olin, os estudantes se reuniram com Ben Linder e construíram em conjunto um protótipo de um moedor de mandioca. No D-Lab, o segundo grupo aprendeu a utilizar máquinas e ferramentas importantes para o futuro trabalho.

Na etapa seguinte, os dois grupos se reuniram no D-Lab e começaram os preparativos para os projetos. O processo foi livre e criativo.

Na sequência, os grupos receberam 50 dólares para comprar, na Home Depot, os equipamentos necessários para o seu projeto. A missão era pensar em soluções de baixo custo para os problemas sociais, sem plataformas digitais ou de robótica. “O objetivo era encontrar meios que envolvessem a tecnologia barata para o meio social. Foi desafiador”, conta o Moisés.

No sexto dia, os grupos estavam com os projetos prontos e preparados para apresentar aos professores e profissionais. Todos propuseram soluções interessantes para os casos. “Os estudantes imergiram na cultura e souberam aplicar a empatia para resolver os problemas”, diz Moisés.

Bernardo Alencar, da 2ª série do Ensino Médio, ressalta o caráter social da atividade. “Foi necessário nos colocar no lugar de outras pessoas para resolver os casos. O lado social foi fundamental para encontrar as soluções. Enquanto uns têm muitas coisas, outros não têm”. Ele explica que a viagem foi multidisciplinar. “A tecnologia e o lado humano foram complementos para uma visão social. Foi demais”, diz.

Além das atividades acadêmicas, houve tempo para diversão. Os estudantes visitaram bibliotecas e laboratórios, foram a Berklee ver um show de jazz, a um jogo de hóquei e a uma partida de futebol americano.

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