“O racismo não é um problema só dos negros”

A segunda palestra do encontro “Se todos os seres humanos são únicos, qual o nosso incômodo com a diferença?” abordou as relações étnico-raciais

A professora Luciana Alves, pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis na Unifesp, realizou, no dia 26 de setembro, uma palestra sobre a educação para as relações étnico-raciais e os eixos de atuação necessários à sua implementação. O evento fez parte do encontro “Se todos os seres humanos são únicos, qual o nosso incômodo com a diferença?”, que contou, em agosto, com a palestra de Mariana Rosa sobre educação inclusiva.

No início da sua fala, Luciana apontou que algumas características físicas das pessoas são tomadas como marcadores para as hierarquias sociais. Essas diferenças fazem parte de um processo social de enunciação, estabelecido no jogo das relações de poder.

Segundo ela, não existiam os grupos de negros ou índios antes da colonização europeia. Havia povos africanos e indígenas, cada um com sua cultura. A junção de todos pela cor de pele e por outras características fez parte da dominação.

Na atualidade, a noção de “negritude” foi ressignificada e positivada, com as lutas antirracistas. “O racismo não é um problema só dos negros”, afirmou a palestrante. De acordo com ela, todas as pessoas são racializadas e muitos brancos ainda não percebem esse fenômeno.

Segundo a pedagoga, há três pilares que sustentam a educação para a diversidade: mudança curricular, relações pessoais e relações dos alunos com os objetos de conhecimento. A educadora ainda destacou que muitos problemas de desempenho escolar de estudantes negros se devem a dificuldades de “ensinagem”, e não de “aprendizagem”. As formas de socialização das crianças negras têm papel decisivo nesse processo.

Luciana Alves elogiou a atitude do Colégio Santa Cruz de rever, antes da entrada dos alunos cotistas, o currículo e outros recursos da escola.

Assista à palestra.

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