Lucy Sayão Wendel completa 100 anos

A professora sempre combinou Química e princípios democráticos

O dia 5 de agosto de 2024 é marcado por um evento especial: o aniversário de 100 anos da professora Lucy Sayão Wendel, que lecionou Química no Colégio Santa Cruz no período de 1968 a 2001. Ela é uma das educadoras mais lembradas por estudantes e colegas.

Lucy chegou à escola, aos 43 anos, por indicação da irmã, que era professora de Biologia, para uma substituição. Na época, Padre Corbeil era o diretor geral e Isame Maeoca era o diretor do Ensino Médio. No começo, entre os alunos, prevaleceu sua fama de brava. Muitos foram reativos àquela professora exigente, que cobrava muito empenho nas provas e nas aulas.  Mas logo perceberam seu lado solidário, parceiro, que apoiava e ouvia os jovens. Assim, ela tornou-se especialmente querida.

“Tive o privilégio de conviver com ela de maneira mais pessoal e singular. Existem pessoas que são uma verdadeira luz nos dias nublados das nossas vidas. Pessoas que nos estendem a mão, nos encorajam, nos trazem à memória o que temos de bom.  O que torna a Lucy uma pessoa especial é a delicadeza nos gestos. É o comportamento que se manifesta nas situações mais corriqueiras, é uma gentileza desobrigada. Perto dela, todos nós somos mais autênticos e a vida ganha mais coerência e lucidez”, declara Kátia Nogueira Griecco, que foi orientadora do Ensino Médio e conheceu Lucy na década de 1980.

Rodrigo Liegel, professor de Química do Ensino Médio do Santa, ex-aluno e parceiro de Lucy em outros trabalhos, enfatiza que a mestra sempre teve a ética como elemento constitutivo de sua postura. “Nas últimas vezes em que nos encontramos, como no aniversário de 70 anos do colégio, ela mostrou-se bastante preocupada com a situação política do país. Muito lúcida, ela ainda mantém o apreço aos valores democráticos”, afirma. “Ela, como coordenadora, sempre apoiou muito o trabalho dos professores, não se valia de sua posição para impor seu ponto de vista. Lucy incentivava o diálogo, ela lidava com as discordâncias de uma forma muito democrática”, completa.

O diretor geral do colégio, Fábio Aidar, também confirma essa visão sobre a professora. “Conheci a Lucy como aluno e trabalhei com ela por cerca de 20 anos. Mais do que uma professora exemplar, ela sempre foi uma pessoa generosa, atenta a cada um de seus alunos. Entre uma e outra aula de Química, Lucy achava espaço para defender os princípios da democracia e para lutar por um país com menos desigualdades sociais.”

A admiração pela professora foi traduzida em palavras de ex-alunos, como podemos ver no livro “Lucy: uma professora”, biografia escrita por Jayme Serva e publicada em 2016, e também no texto produzido por Camilo Vannuchi no livro “Santa Cruz de Perfil”.

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